As baianas não poderão mais fritar o acarajé nas areias das praias. Na última quarta-feira ( 2) o juiz da 13ª Vara da Justiça Federal, Carlos D’Ávila, deixou claro em à Associação de Baianas de Acarajé (Abam) em reunião que nem o tacho e nem o tabuleiro ficarão na faixa de areia.

Segundo ele, não há o que se negociar: a prefeitura será obrigada a cumprir a decisão judicial que proíbe a produção e venda de alimentos na faixa litorânea, fiscalizando e punindo quem tentar descumprir a lei — incluindo barraqueiros e baianas.
A alternativa, proposta pelo próprio juiz federal e acatada pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), é a de permitir que as baianas montem seus tabuleiros no calçadão — que será todo reconstruído — e permita a divulgação do produto e a venda com garçons na areia da praia.
Argumentos
Segundo confirmaram a entidade de baianas e a prefeitura, o argumento utilizado pelo juiz tem dois fundamentos, analisados pela Comissão de Notáveis (formada pela Justiça e que reúne arquitetos, urbanistas e ambientalistas de universidades e entidades de classe).
O primeiro trata do aspecto ambiental: o azeite de dendê usado em contato com a areia da praia forma uma massa que é insolúvel em água e polui as praias.
O outro problema é a falta de segurança. O ponto de ebulição do azeite de dendê é 400 °C (o da água é 100 °C) e foi considerado um risco potencial para a integridade dos banhistas. “Seria uma questão de segurança pública. Uma bola pode atingir, uma criança pode se bater no tacho”, disse a secretária da Ordem Pública, Rosemma Maluf.
O coordenador executivo do Grupo de Ambientalistas da Bahia (Gamba), Renato Cunha, minimizou a existência de impactos ambientais na fritura do acarajé com o tacho instalado na areia.
“Quanto tempo que baianas vendem acarajé nas praias? Mais de cem anos? E há poluição visível? Eu não vejo, não tenho informações que a areia de Salvador está comprometida por conta disso”, afirmou.
O ambientalista, todavia, ressaltou que o descarte do óleo deve ser fiscalizado para evitar que a gordura saturada produzida no processo de fritura não vá parar na areia. “Qualquer óleo não é bom botar na areia, é claro que vai alterar, vai poluir. Então tem que saber fazer o descarte”.
Fonte: Correio